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Mais de 90% dos médicos não cumprem carga horária na rede pública

Mais de 90% dos médicos não cumprem carga horária na rede pública

O impasse entre a Secretaria Municipal de Saúde e os médicos permanece. A classe pede reajuste no salário, mas não aceitam cumprir o número de atendimentos propostos pela prefeitura. Uma planilha aponta que apenas 7% dos médicos da rede pública cumpriram a carga horária de trabalho de janeiro a abril passado. Dos 71 profissionais, somente cinco realizaram a quantidade de atendimentos firmada com a prefeitura de janeiro a abril passado. De acordo com o secretário Antônio Marcos Belo, a situação em maio passado foi ainda pior.

Os profissionais que atendem nas Unidades Integradas de Saúde (Unis) recebem um bônus de 100% sob o valor do salário (R$ 847) se cumprirem quatro horas de trabalho por dia, ou seja, se realizarem os 16 atendimentos determinados pela administração municipal.
Os dados da planilha mostram ainda que 39,4% (28 médicos) não atingiram a metade dos atendimentos propostos, 28,1% (20 médicos) fizeram entre 50% a 70% e 25,5% (18 médicos) cumpriram mais de 70% da meta. O profissional que realizou mais consulta alcançou 114% da meta e o que menos trabalhou apenas 9%.

“Infelizmente, são pouquíssimos os médicos que cumpriram a carga horária de trabalho. Estamos cobrando para que o atendimento seja oferecido com qualidade, como a população merece. O médico que trabalhar certo vai receber só na Unidade de Saúde R$ 1.694. Isso agora, porque o desejo do prefeito é aumentar o salário assim que o impasse com os médicos terminar”, afirma Antônio Belo.

O secretário diz que os médicos devem cumprir a carga horária como todos os servidores. “Estamos revendo conceitos, por isto essa reclamação da classe. O que está acontecendo é uma reorganização da área. O problema era que a saúde estava desorganizada e agora eles estão se sentindo pressionados com essa mudança de postura.

“Tinha profissional que recebia por plantão que não fazia, outro ganhava por 220 horas trabalhadas mas fazia apenas 60 horas, outro nem trabalhava. Os números mostram a realidade. Apenas cinco médicos cumprem o horário e a grande maioria, 28 médicos, sequer realizaram a metade dos atendimentos preconizados. Estamos fazendo um choque de gestão porque da maneira que estava não tinha condições”, acrescenta.

Segundo o secretário, alguns médicos acreditam que o projeto da saúde de Araxá tem tudo para dar certo. “Muitos estão voltando a atender na rede pública. Nós não queremos prejudicar profissional nenhum,  queremos é que a população seja atendida bem. Um cidadão que ganha R$ 400 mensais não pode pagar por um atendimento de qualidade, ele tem o direito de ter esse serviço de graça.”

O que é pago na rede pública

“O médico da Santa Casa e das Unidades de Saúde ganha o salário base de R$ 847 e se cumprir os 16 atendimentos preconizados por dia ganham mais R$ 847 por produtividade. É 100% sob o valor do salário base. O plantão é ainda mais vantajoso. Na Santa Casa, um plantão de 24 horas sem corpo presente é pago R$ 750 e, no PAM, é pago R$ 1 mil por 24 horas de corpo presente. Então, um médico que faz quatro plantões na Santa Casa, um no PAM e trabalha da maneira correta pode receber no final do mês quase R$ 6 mil”, explica o secretário.

Ele diz ainda os médicos também podem receber por produtividade no plantão. “Na Santa Casa, o que o profissional produz até R$ 750 é do hospital, mas o que produzir acima disto é dele. Por exemplo, o médico produz R$ 750 e faz cinco cirurgias, ele recebe R$ 890 a mais. Quem quiser ganhar dinheiro em Araxá, a porta está aberta. Isso é o valor pago agora, mas a expectativa é aumentar”, afirma.

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