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Moradores restantes do Barreiro convivem em meio ao entulho

Moradores restantes do Barreiro convivem em meio ao entulho

Cerca de 40 famílias que ainda moram na área da Estância Hidromineral do Barreiro estão em situação de abandono. Os moradores que não chegaram a um acerto financeiro com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), proprietária do Barreiro, estão convivendo em meio ao entulho gerado pela demolição de casas desapropriadas.

A estatal pretende retirar todas as 156 famílias que moram no complexo para implantar projetos turísticos no local. De acordo com os moradores, os advogados da Codemig estão fazendo pressão que as propostas sejam aceitas, com ameaças de desapropriação.

Os imóveis começaram a ser avaliados em março de 2009. O trabalho realizado por técnicos da empresa Bretz Maciel Consultoria levantou o valor financeiro de cada residência. O objetivo foi estabelecer uma base para a Codemig definir o valor das indenizações a serem pagas às famílias que desejarem deixar o complexo. As propostas foram recebidas em grupos pela diretoria da empresa, mas as negociações acontecem individualmente com cada família.

Os moradores do Barreiro vivem o problema da água imprópria para o consumo humano há mais de dois anos decorrente da falta de infraestrutura básica. O agravante dessa situação é a falta de reconhecimento legal das áreas ocupadas por eles que foram cedidas pelo Estado.

Reni Silva diz que a intenção é deixar o Barreiro, mas por uma indenização digna. “Estamos abandonados aqui. A Associação dos Moradores do Barreiro colocou todo mundo nessa situação e sumiu. Não queremos ficar no Barreiro na situação que encontramos, mas se não fizerem uma proposta justa não tem jeito de sair. Tem 68 anos que eu moro aqui e eles devem arrumar uma solução para gente. Não queremos levar a situação na Justiça, queremos um acerto justo.”

Reginaldo Rodrigues afirma que a situação é revoltante. “Os políticos viraram as costas para os moradores que ainda restam no Barreiro. A Codemig me fez uma proposta bem abaixo do valor que vale realmente a minha casa e disse que se não aceitamos eles vão levar o caso à Justiça. Se não for uma indenização justa, nós não saímos. Hoje, nós estamos abandonados, não temos presidente de bairro, não temos vereadores, não temos prefeito, todos os políticos de Araxá esqueceram de nós”, diz.

“Tem família que está aqui no Barreiro há quase 100 anos e eles ainda ameaçam a gente falando que vão entrar na Justiça. Eu não acredito nisso”, ressalta.

Beatriz conta que algumas casas demolidas parcialmente estão servindo de moradia para andarilhos. “A saúde das famílias que ainda moram no Barreiro está sendo prejudicada. O entulho, o lixo acumulado com a demolição das casas atrai muitos animais, como rato, cobra e escorpião, além da dengue que é uma grande preocupação nossa. A gente fica com medo até das crianças saírem na rua porque as ruas estão abandonadas e, às vezes, têm pessoas que a gente não conhece morando nas casas destruídas”, afirma.

“E sem contar a incerteza que a gente fica, eu gostaria de reforma minha casa e não posso. A gente não pode viver normalmente. As ruas estão esburacadas, reduziram as linhas de transporte coletivo, a situação é de abandono mesmo. Muitas pessoas que saíram estão passando dificuldades financeiras porque não tiveram uma orientação jurídica. A gente pede só a orientação de um advogado por parte da administração municipal. Quem saiu do Barreiro por uma indenização pequena está passando por muitas dificuldades, pagando aluguel, e não queremos isso para a gente”, diz Beatriz.

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