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Mulheres chefiam 88% das famílias atendidas pelo Bolsa Família em Minas Gerais

Mulheres chefiam 88% das famílias atendidas pelo Bolsa Família em Minas Gerais

Mulheres chefiam 88% das famílias atendidas pelo Bolsa Família em Minas Gerais 1

Dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) apontam que Minas Gerais possui  cerca de 1,1 milhão de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família. Deste total, quase 968 mil, ou 88%, são chefiadas por mulheres. Ao todo, o país possui 2.890.614 famílias inscritas no Cadastro Único e mais de 2,5 milhões de beneficiários têm a mulher como responsável familiar, o que corresponde a 87,45% do total.

Esta realidade coloca a mulher diante de escolhas e oportunidades, como a participação no planejamento familiar e a busca de qualificação profissional para melhorar as condições de vida de seus familiares. Exemplo disso é Simone Mana Barbosa, 34 anos, moradora de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.  Beneficiária do Bolsa Família há mais de 10 anos, Simone é mãe de cinco filhos, com idades entre 7 anos e 17 anos. Mesmo com o benefício, ela não se acomoda com a situação.

Separada, Simone mora sozinha com os filhos e batalha para melhorar sua condição de vida. “Com a ajuda do programa, voltei a estudar e ano passado terminei o EJA (Educação de Jovens Adultos) do ensino médio. Também fiz um curso técnico de auxiliar de enfermagem e agora estou terminando o estágio obrigatório”, relata Simone.

Para dar conta da rotina corrida, Simone abriu mão da convivência diária com os filhos. Ela saía de casa às 5h e voltava às 23h. “Não foi um período fácil. Saía cedo de casa para trabalhar em casa de família. Andava muito a pé, para economizar o dinheiro da passagem e usar quando fosse preciso mesmo”, conta.

No final do ano passado, ela fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Como recompensa de todo esforço, conseguiu uma “nota legal”, como ela mesma disse, e agora  quer utilizá-la para cursar o superior de Enfermagem. Simone fala, com brilho nos olhos, sobre a futura profissão. “É uma área que eu gosto muito; quero trabalhar no Samu, com resgate. Gosto muito de ação”.

Educação

Mas Simone não para de fazer planos. O próximo passo é ingressar na faculdade, conseguir dois empregos e assim repassar o benefício para que outras famílias possam ter a mesma oportunidade. “Hoje eu me considero uma guerreira, uma vencedora e espero que outras famílias possam realizar seus sonhos como estou conseguindo realizar os meus”, finaliza.

A trajetória de Simone se reflete nas estatísticas do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que mostram uma evolução na participação da mulher em cursos de graduação. Em 2009, o número de mulheres frequentando a faculdade era de 1.150.312, enquanto o de homens era de 914.770. Já em 2012, o número de mulheres saltou para 1.541.460 e o de homens foi de 1.205.629, o que significa que mais da metade (56,1%) de participantes em cursos de graduação é formado pelo público feminino.

Apesar da crescente qualificação, dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que as mulheres possuem rendimentos menores que os homens. Para se ter uma ideia, dados de 2013 mostram que o homens recebiam em média R$ 2.451,20 – e as mulheres, R$ 1.953,19.

Para o superintendente de Política de Trabalho e Emprego da Sedese, Bruno Magalhães, a situação de diferenciação salarial exige a realização de políticas públicas especificas. “A Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese) possui atualmente dois convênios com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), ligada à Presidência da República, que visam reforçar o papel da mulher no mercado de trabalho, promovendo qualificação profissional e inserção produtiva”, relata.

Integração

Outra beneficiária do Programa Bolsa Família em Lagoa Santa é Maria Aparecida Ferreira.  Mãe de três filhos, Maria Aparecida conta que o programa ajuda a pagar um curso de inglês para o filho mais novo, de 13 anos. “Este benefício ajuda muito a minha família. Antes, usava o dinheiro para comprar alimentos e, de vez em quando, uma roupa. Agora, como estou fazendo faxina, preferi usar o dinheiro para proporcionar mais educação para o meu filho”, relata.

Mas não é só a transferência de renda que está possibilitando a família de Maria Aparecida mudar de vida. Integrados ao Programa Bolsa Família, os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) geram oportunidades, inclusive financeiras.  Por meio dos Cras, as famílias beneficiárias do programa têm acesso a cursos de qualificação e inserção no mercado de trabalho. “No Cras eu fiz curso de produção de salgados, corte e costura e de velas artesanais. De vez em quando, faço trabalhos para a vizinhança e ainda consigo um dinheiro extra”, afirma Aparecida.

Assim como Simone, Maria Aparecida também sonha com o dia em que não precisará mais do dinheiro do Bolsa Família e possa repassar o benefício adiante. “Tenho esperança que, em breve, não vou precisar mais do benefício e, assim, poder passar para outra família mais necessitada”, finalizou.

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