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O rico comunista

O rico comunista
Portal Teatro Mineiro / divulgação
Portal Teatro Mineiro / divulgação

No último sábado (19), a Capital mineira serviu de palco nacional para a polarização política, intolerância de opiniões e para o cerceamento da liberdade de expressão. A apresentação da peça “Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos”, no Sesc Palladium, foi forçadamente interrompida pelo público, após um infeliz caco (improviso, no jargão teatral) proferido pelo ator e codiretor da montagem, Cláudio Botelho, que criticou o cenário político atual. “Era a noite do último capítulo da novela das oito. Era também a noite em que um ladrão ex-presidente talvez tenha sido preso. Ou uma presidente ladra recebeu o impeachment ?”. A frase espontaneamente incorporada ao roteiro original da peça incitou a revolta do público, que entonou o grito de “não vai ter golpe”, enquanto ameaçava o ator.

Cláudio Botelho saiu de cena escoltado pela polícia.

Estamos mesmo em carne viva, à flor da pele, em estado de alerta no que toca ao debate político no Brasil. Como pôde ser tão intransigente um ator, que, diante de um público radicalmente seguidor da seita petista, comete tamanha heresia diante dos fiéis. É como satirizar o profeta Maomé diante de uma plateia de soldados do Estado Islâmico.

Como se sabe, depois de Lula, Chico Buarque de Hollanda é a grande divindade petista. Para eles, uma figura intocável. Enquanto que, na verdade, um é tão hipócrita quanto o outro. De público, beijam a mão de Fidel Castro, enquanto que, dentro de seus lares, esbanjam-se no consumismo burguês. Fora do púlpito, os defensores dos pobres e dos oprimidos vivem do bem e do melhor.

Lula, inclusive, tem se relevado muito refinado. Há muito trocara a “caninha” por caríssimas garrafas de vinho. No modesto sítio de Atibaia, os agentes da Polícia Federal encontraram uma sofisticada adega (que não é de Lula, nem minha). O crucifixo barroco do século XVI — que sumiu da parede do Planalto e foi encontrado no cofre de Lula — prova que o ex-presidente também tem gosto pela arte sacra.

Bastante sofisticado para um ex-metalúrgico e ex-presidente dos pobres.

Voltando ao memorável episódio em Belo Horizonte, que ganhou as páginas dos jornais de todo o País, o bon vivant Chico Buarque reagiu proibindo o ator Cláudio Botelho de usar suas canções em trabalhos próximos. Curiosamente, o compositor antagonista máximo à Ditadura Militar, no auge dos anos de chumbo, em 1967, teve a sua afamada peça “Roda Viva” interrompida, em cena, pelo governo opressor.

Chico Buarque de Hollanda bateu palmas para ocorrido em Belo Horizonte, enquanto deveria defender a bandeira da liberdade de expressão. Um artista que trocou a arte livre e desimpedida por um partido político.

A propósito, o expoente da Música Popular Brasileira, embora defenda publicamente o “governo dos pobres”, não abre mão de altos cachês, de seu apartamento em Paris e da vida boêmia que leva na zona Sul do Rio de Janeiro.

Como bem define o economista Roberto Campos, em síntese, “trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola”. Sem mais.

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