Advogado denuncia suposto esquema que favorece colegas na delegacia

O advogado Paulo Rogério Parolini denunciou um suposto esquema para favorecimento de um grupo de advogados dentro da Delegacia Regional de Polícia Civil. De acordo com o advogado, na manhã do último domingo (24) a família de um comerciante o contratou para acompanhar o homem que foi detido por policiais militares durante a madrugada no Parque de Exposições de Tapira por porte ilegal de arma de fogo. Quando chegou à delegacia, Parolini afirma que os funcionários o informaram que outro advogado já estava cuidando do caso e que seus serviços não seriam mais necessários.

“Comuniquei ao meu cliente que tinha sido contratado pelos seus filhos e perguntei se ele tinha chamado outro advogado. Ele me disse que não, que um funcionário da delegacia tinha lhe dito que sua situação era complicada e que somente um determinado advogado poderia lhe tirar daquela situação e chamou o advogado. Meu cliente disse ter aceitado porque estava nervoso com a situação e não sabia o que podia acontecer. Eu perguntei qual profissional ele queria que o defendesse e ele me escolheu já que sua família tinha contratado meus serviços e que nem conhecia o advogado indicado pelo funcionário da delegacia”, explica Parolini

De acordo com ele, o suposto esquema de favorecimento de um grupo de advogados acontece há vários anos dentro da Polícia Civil. “Toda a classe de advogados sabe que existe esse esquema e que têm colegas de profissão sendo favorecidos dentro da delegacia. Não podemos aceitar esse tipo de coisa, é crime, um absurdo. Toda pessoa detida tem direito à defesa, tem direito de ser acompanhado por um advogado, mas ninguém pode indicar o nome de um profissional para ele. Isso tem que acabar aqui em Araxá”, protesta o advogado.

Delegado diz que caso do comerciante foi coincidência e vai tomar providência em relação aos funcionários

O delegado Regional Heli Andrade diz que não aceita indicação de nomes de advogados dentro da delegacia. “Houve uma coincidência. Quando o comerciante chegou à delegacia conduzido pela Polícia Militar já tinha um advogado atendendo um caso por porte ilegal de arma. O comerciante perguntou se poderia chamar um advogado e o rapaz que trabalha da delegacia chamou esse advogado que estava atendendo o outro caso. Portanto, o advogado já estava na delegacia, mas a gente não vai aceitar esse tipo de coisa e vamos tomar providência, porque não é permitido indicar ou sugerir nome de advogado dentro da delegacia, seja qual for a situação.”

Segundo o delegado, a reclamação de Parolini é aceitável. “Ele tem uma certa razão porque é um cliente dele. Não vamos admitir essa conduta mais. A partir do dia primeiro próximo nós teremos policiais civis como responsável pelo plantão e não teremos mais funcionários administrativos responsável pelo plantão. Assim, caso ocorra uma situação semelhante, o policial civil será responsável”, ressalta Heli.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Araxá, Rodrigo Farnesi, diz que vai apurar a denúncia. “É uma surpresa essa denúncia feito pelo colega, não tínhamos conhecimento desse tipo de fato, mas a partir desse momento vamos realizar os procedimentos necessários para apuração de envolvidos nos casos que sejam inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil”, diz.

“Neste caso especifico, como membros da diretoria tiveram a oportunidade de ouvir as declarações do colega, eu vou estar iniciando um procedimento de oficio para apurar essas regularidades apontados e acompanhar uma possível investigação que seja feita no âmbito da Delegacia de Polícia Civil”, explica.

De acordo com ele, o suposto esquema apontado é ilegal. “A OAB vê com extrema preocupação a denúncia desse tipo de procedimento. Caso um advogado esteja participando de um esquema como esse, ele pode até mesmo ser expulso da OAB. A princípio, pode ser de advertência, censura ou suspensão, mas tudo depende de uma investigação e decisão do conselho que vai julgar o caso”, afirma Farnesi.