Categorias: Saúde

Pesquisa da Funed vai testar potência de vacinas

Da Redação/Via Agência Minas – Testes in vivo, ou seja, que utilizam camundongos para avaliar a eficácia de vacinas clostridiais – usadas em bovinos, caprinos e ovinos para proteção contra um tipo de doença bacteriana – estão com os dias contados. É que um estudo realizado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com o Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), desenvolveu uma nova metodologia com o mesmo objetivo, porém, in vitro – realizada em laboratório através de um método de ensaio denominado ELISA, o mesmo usado, por exemplo, para diagnóstico da Aids.

“É um método mais prático, rápido e barato, que vai permitir não só a redução significativa do uso de animais nos testes, como também poderá garantir mais qualidade ao processo de produção da vacina”, afirma o pesquisador da Funed, Luiz Guilherme Dias Heneine, membro da equipe do projeto.

Isso porque, segundo Heneine, as facilidades e vantagens que o kit desenvolvido oferece permitem que a própria indústria fabricante da vacina monitore a qualidade do produto antes de enviar para aprovação do órgão regulador – que nesse caso é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Os fabricantes são obrigados a enviar parte do lote das vacinas para o ministério, que verifica se a dosagem é adequada para proteção do animal. Com o resultado do nosso trabalho, antes mesmo da conclusão do processo de produção, os fabricantes terão como avaliar a qualidade das vacinas, corrigir falhas e evitar perdas”, explica o pesquisador da Funed.

Segundo Francisco Carlos Faria Lobato, médico veterinário e professor da Escola de Veterinária da UFMG, que também participa do estudo, somente em 2010, o ministério utilizou cerca de dois mil camundongos para testar 160 milhões de doses de vacinas de aproximadamente 14 laboratórios produtores.

“A substituição do teste de potência pode reduzir significativamente esse número”, afirmou. A pesquisadora Patrícia Martins Parreiras, do Instituto René Rachou, lembra ainda que esta redução atende a Lei Arouca (2008), que recomenda a substituição de animais por métodos in vitro em procedimentos experimentais.

O pesquisador da Funed ressalta ainda a importância da pesquisa para os produtores rurais e para a melhoria da qualidade da carne consumida pela população. De acordo com ele, elas evitam a contaminação por bactérias do gênero Clostridium, que causam diferentes síndromes no animal infectado podendo resultar na morte dele. “O teste garantirá a produção de vacinas de qualidade, consequentemente, animais sadios, alimento de melhor qualidade para a população e para o mercado exportador”, afirma.

O teste

Utilizando-se de pequena quantidade da vacina, do soro de animais já vacinados, pipetas, de uma placa acrílica, reagentes laboratoriais e de leitores computadorizados, a metodologia desenvolvida pela equipe de pesquisadores permite quantificar a concentração de anticorpos presentes no soro dos animais, ou seja, verificar se a dose da vacina é suficiente para proteger o animal.

“A coloração na placa indica a reação, a presença e quantidade do antígeno. A intensidade da reação dos produtos é proporcional à quantidade presente. É um método muito eficiente”, explica Luiz Guilherme Dias Heneine.

Resultados e expectativas

De acordo com Luiz Guilherme Dias Heneine, os resultados do estudo, realizado tanto em laboratório quanto em uma indústria farmacêutica parceira do projeto, foram satisfatórios.

“O teste já foi padronizado e pré-validado. Nossa expectativa agora é patentear a tecnologia e transferir o conhecimento para que uma empresa possa produzir e comercializar”, disse. Segundo ele, o Laboratório Nacional Agropecuário de Minas Gerais (Lanagro) – que disponibilizou soro dos animais vacinados para os testes – já demonstrou interesse na nova metodologia.

O estudo tem ainda potencial para permitir que sejam desenvolvidos kits de teste de vacinas para outras doenças. “Esse foi só o primeiro passo. Nosso objetivo é ampliar a tecnologia para identificação de outros antígenos e originar kits para controle de outras patologias”, avisa Heneine.

Destaque de inovação

A pesquisa desenvolvida pela Funed, UFMG e CPqRR foi avaliada por uma comissão formada por profissionais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e UFMG e agora está catalogada no Livro do Programa de Incentivo à Inovação (PII).

A publicação, organizada pela Fiocruz, foi lançada no último dia 14, reúne 16 projetos do Programa e tem como objetivo fomentar a cultura empreendedora nas universidades e instituições de pesquisa.  De acordo com o gerente de Inovação e Sustentabilidade do Sebrae, Anízio Dutra Vianna, “os produtos criados a partir do Programa podem contribuir para o desenvolvimento, geração de emprego e renda em Minas Gerais, por meio da criação de empresas de base tecnológica ou transferência de tecnologias”.

“É uma satisfação ver a Funed somando-se a essas outras importantes instituições científicas e contribuir para que o conhecimento produzido por nossos profissionais possa gerar novos negócios, com qualidade superior e a custos menores”, afirma o presidente da Fundação, Augusto Monteiro Guimarães. A pesquisa contou também com o apoio do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan).

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