Era tarde da quinta-feira última (16) em West Yorkshire, no Norte da Inglaterra. À luz do dia, no meio da rua, uma deputada do Parlamento britânico fora brutalmente assassinada — a tiros e golpes de faca.
“Britain First”, vociferou o homem antes de alvejar a deputada — fez dois disparos. Sobre o corpo inerte, o homem passou então a desferir reiteradas e violentas facadas; manteve-se obstinadamente perfurando o corpo já sem vida até a chegada da polícia.
A vítima: Jo Cox, 41. Deputada trabalhista que defendia a permanência da Inglaterra na União Europeia. O assassino: um sociopata de extrema-direita que perseguia o isolamento da cultura britânica diante do resto do bloco europeu.
É nesse clima que a população da Inglaterra vai às ruas, na próxima quinta-feira (23), registrar o voto em um referendo que talvez seja o mais importante da história do país: a permanência ou não da Inglaterra na União Europeia.
A saída — ou Brexit, como chamam o egresso da Inglaterra no bloco — implicaria em limitações drásticas na economia, aumento do preconceito contra imigrantes europeus e crise diplomática irreversível. Seria o completo isolamento da Inglaterra diante do resto do continente — algo impensável para os jovens ingleses livres e cosmopolitas, inseridos no mundo globalizado.
Em contraponto, a ala ultra-conservadora da população reivindica independência das políticas impostas pela União Europeia à Inglaterra e o controle rígido sobre a entrada de imigrantes no país.
Não há unanimidade: 44% estão pela permanência frente à 44% pela saída. 12% são votos em branco.
A morte de Jo Cox pode cair como um voto de Minerva na decisão mais importante da história contemporânea da Inglaterra; pelo bem da nação britânica; pela permanência no Reino Unido.
Por Guilherme Scarpellini