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A trégua olímpica

A trégua olímpica

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Dentre os 5.570 municípios brasileiros, 329 foram eleitos pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 para integrar à rota de passagem da chama olímpica. Compondo o seleto rol de municípios, como se sabe, Araxá está garantida para receber o símbolo máximo das Olimpíadas no dia 8 de maio próximo. Esse, porém, representa apenas um dos motivos para nos alegrarmos e nos honrarmos, dada a relevância simbólica do ato.

Conforme determina o rito milenar, após beber da chama magna na cidade de Olímpia, na Grécia, a Tocha Olímpica segue invariavelmente ardente até a cidade-sede dos Jogos. Na Antiguidade, de posse da chama, os revezadores percorriam por todo território grego proclamando a chamada “trégua sagrada”, período em que todas as guerras deveriam cessar-se em virtude dos Jogos que se iniciavam.

Na versão contemporânea que tem início daqui a dois meses no Brasil, ao percorrer pelas regiões e pelos estados brasileiros, a chama olímpica há de invocar a trégua às nossas guerras contra nós mesmos. Refiro-me a trégua à crise que nos assola, às moléstias que nos acometem e às chagas de uma Nação sucumbida. Refiro-me a trégua à política inescrupulosa que projeta lá fora a imagem de um país à deriva.

Na passagem da chama olímpica, não obstante, agarremos a oportunidade única de evidenciar outra face do Brasil. A interiorização do país há de descortinar a bonança cultural e natural que a grande mídia estrangeira relega a favor de nossos deméritos e de nossa trinca de chavões: mulheres desnudas, carnaval e futebol.

Nesse sentido, em maio, ainda que por uma ínfima fração de tempo, os olhos da cobertura olímpica mundial adentrarão no Brasil de verdade. Deixemos as trivialidades infames do país para o início dos Jogos no Rio de Janeiro. Por ora, ao menos porquanto de posse da chama, que se honre a trégua olímpica.

Por Guilherme Scarpellini

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