
Em tempos de total inércia no Congresso Nacional, quando a manutenção do poder revela-se mais urgente do que qualquer discussão propositiva, o País se reduz a uma moeda de troca.
Desde a debandada do PMDB, na última semana, abriu-se o varejão do Planalto. Uma feira de cargos, a bem dizer. Basta observar o Diário Oficial da União, cada vez mais robusto, dado o entra-e-sai de nomes do governo.
Sorrateiramente, Lula (o balconista deste estabelecimento) vem oferecendo postos, de alto e baixo escalões, em troca de votos na decisão do impeachment de Dilma. Uma tentativa reverter a situação sorumbática do PT por meio de barganha. Precisam angariar 171 votos para arquivar o processo na Câmara, enquanto que a oposição necessita do apoio de 342 deputados para levá-lo ao Senado.
Para isso, vale tudo.
Inclusive nomear um engenheiro civil no Ministério da Saúde. Isso mesmo, parece surreal. Quisera fosse. Caso o nome de Ricardo Barros, do PP, seja confirmado na pasta da Saúde, este será só mais um dos indícios de que querem governar o Brasil a todo custo.
O agrado ao PP pode render 40 votos na conta de Dilma. Enquanto isso, a contenção do surto de H1N1, zika e dengue dependerá do conhecimento de causa de um engenheiro civil. É o ponto que chegamos.
PP, PSD, PR e PRB são os clientes em potencial para as negociatas do Planalto. Ainda que seis peemedebistas insistem em manter-se nos cargos do primeiro escalão — sob a premência de serem expulsos da legenda — outros 600 postos foram desocupados com a debandada do PMDB.
Logo, abriu-se crédito suficiente para rifarem o país.
Mas quanto vale o Brasil? Os honorários de oito anos de Lula, de mais oito de Dilma e, em 2018, Lula de novo. Vai pagar?