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Meu malvado favorito

Meu malvado favorito

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Pela primeira vez na história da democracia brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF) afasta um presidente da Câmara dos Deputados. A decisão que suspendeu liminarmente o mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na última quinta-feira (5/5/2016), teve votação unânime entre ministros da suprema Corte — 11 a 0.

Não por coincidência, mas por excelência, no que se trata das desmazelas da máquina pública, foi exatamente esse o desfecho vaticinado, há pouco menos de um mês, pelo ex-deputado Roberto Jefferson, em entrevista concedida ao programa Roda Vida, da TV Cultura.

O ex-deputado, principal delator do mensalão, e condenado a cumprir pena por corrupção, em 2014, fez, na entrevista, que foi ao ar em 11 de abril último, o prognóstico detalhado da iminente queda de Cunha.

“Ele (Eduardo Cunha) se exaure assim que a Câmara aprovar o impeachment”. É o seu momento de suspiro”, vaticinou, com precisão.

Pois bem. Passados dezoito dias da aprovação do impeachment pela Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha foi apeado do cargo que ocupava desde fevereiro de 2015.

Longe de defendê-lo, contudo, haveremos de reconhecer que o correntista suíço foi peça fundamental na abertura do processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff — causadora da lástima que encravou o país em depressão profunda. Era preciso um bandido à altura do grupo do PT, para então derrubá-lo.

Lula e Dilma encontraram Cunha.

Exímio conhecedor do regimento interno da Câmara dos Deputados, articulador inato e calculista frio, Cunha tinha às mãos bem mais da maioria do Congresso. Manobrava-o com o conforto da direção hidráulica, com a precisão da câmera de ré e  com a facilidade do sensor de estacionamento. Ali, estava mesmo no comando da turma.

O político mais poderoso do Brasil, não obstante, é também o mais detestável. 80% dos brasileiros querem vê-lo na cadeia. Conforme também previsto pelo mensaleiro Roberto Jefferson, no Roda Viva, tendo feito o seu papel — de reger com maestria a orquestra do impeachment —, Cunha deve ir logo para o xadrez.

Detestável, sagaz e cínico. Trata-se de um vilão clássico o ex-presidente da Câmara dos Deputados. Frio como Hannibal Lecter, debochado como o Coringa e asqueroso como o Alien, Cunha parece ter saído de uma obra de ficção.

Pode até soar malevolente, mas, pelo impeachment, que será aberto pelo Senado, nesta quarta-feira (11), tenho de concordar com mensaleiro Jefferson.

Eduardo Cunha é o meu malvado favorito.

Por Guilherme Scarpellini

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