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Belo desabafa e se diz perplexo com atitudes de Jeová

Belo desabafa e se diz perplexo com atitudes de Jeová

Antônio Marcos Belo durante coletiva com a imprensa - Foto: Jorge Mourão

Da Redação – O ex-secretário municipal de Saúde, Antônio Marcos Belo, convocou a imprensa nesta segunda-feira (9) para falar sobre os motivos que resultaram na sua exoneração feita pelo prefeito Jeová Moreira da Costa na última sexta-feira (6). Emocionado, Belo desabafou, falou do trabalho realizado à frente da pasta, da sua perplexidade com as atitudes tomadas pelo prefeito e apontou as falhas e interferências cometidas pelo chefe do Executivo.

O prefeito afirma que a demissão do secretário foi motivada por divergências administrativas. Jeová elaborou uma carta para renegociar a remuneração dos médicos e Belo não concordou em assiná-la. Além disso, o prefeito entende que a pasta necessita de uma reavaliação nas ações de saúde pública, principalmente na reorganização dos serviços do Pronto Atendimento Municipal (PAM) que, segundo ele, tem atualmente uma demanda diária de 300 pacientes.

De acordo com o ex-secretário, muita coisa foi distorcida. “Me surpreendeu muito o prefeito colocar que precisaria melhorar a PAM. Eu estive com ele há algum tempo e falei da necessidade de adquirir quatro respiradores, pois tínhamos pessoas morrendo no PAM por falta do aparelho. Sabe o que ele me falou? Para eu me acostumar. Na último dia 29, ele me disse que foi no Pronto Atendimento trabalhar e resolveu fácil o problema. Eu coloquei para ele que a forma como ele tinha ‘solucionado o problema’ não era correta. O prefeito mandou tirar um paciente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e colocou outro no lugar sem obedecer as regras do Sistema Único de Saúde (SUS) e as portaria existentes para realizar esse tipo de atendimento, além de não comunicar a família. Desse jeito é muito fácil resolver problema, muito fácil.”

Segundo Belo, o caso dos estagiários trabalhando no PAM foi outro exemplo de irresponsabilidade. “O prefeito contratou os estagiários de medicina e combinou com dois médicos (José Humberto e Ayres Dumont) um salário de R$ 5 mil pela supervisão dos estagiários, mas não cumpriu o compromisso. Quando o processo veio à tona na impresa, ele sumiu. O caso da reutilização das luvas no PAM é um outro exemplo, pois foi uma determinação dele para redução de custo. São essas coisas que me preocupa com a saúde pública de Araxá. Estávamos no caminho certo, com um planejamento, tínhamos o objetivo de tornar Araxá referência de saúde no Estado e, agora, no Brasil. Tínhamos quatro eixos estruturantes e que vínhamos desenvolvendo, como o projeto da Unioeste e Unicentro praticamente prontos.”

De acordo com ele, outro motivo de preocupação é a ampliação do Programa de Saúde da Família (PSF). “Temos aprovados no Estado os PSFs dos bairros Santa Rita do Horozino Teixeira Veloso, Urciano Lemos e Bom Jesus, mas o prefeito disse que não vai aprovar. Também estávamos com um projeto de informatização da rede em andamento         que melhoraria em muito o atendimento e acompanhamento do paciente. Me assusta mais ainda as pessoas que ele está colocando à frente da secretaria, pessoas que eu tirei porque não tinham o perfil para a pasta, além disso o responsável pelo controle da produção de todos os serviços médicos e comunicação dos procedimentos realizados ao Ministério da Saúde e Secretaria de Estado da Saúde pediu demissão. Um serviço especializado que não vai encontrar uma outra pessoa para substituir tão fácil assim. É agora? Como fica o investimento feito na saúde nesses 28 meses? Duvido que ele entenda de saúde pública. Entende é de doença.”

Carta

Belo conta que o motivo da exoneração foi a divergência sobre a carta para renegociar a remuneração dos médicos. “O prefeito alega que nós melhoramos a remuneração dos médicos na parta ambulatorial, nos PSFs e Unidades Básicas de Saúde (Unis) e isto prejudicou o atendimento do PAM. Mas isso não é verdade, pois ele ampliou a remuneração do PAM e os médicos não aceitam trabalhar lá porque tem muita gente que deveria ser atendida nas Unis e querem o privilégio de ser atendido de imediato. Quem reclama do atendimento do PAM não são as pessoas que precisam do atendimento da urgência e emergência, aquele com fratura, com AVC, com princípio de infarto, mas sim quem quer privilégio. Eu tenho um carinho muito grande pelos médicos, aprendi a admirar esses profissionais, conquistei a maioria deles e quando se fala que vai rever salários desmancha todo o trabalho que fizemos no começo da administração.”

De acordo com Belo, o corpo clínico, os médicos, não gostam do jeito de administrar do prefeito Jeová. “Eu só conseguir solucionar o problema que tínhamos quando ele saiu da negociação, foi um ano de conversa. De 100 médicos em Araxá, somente três apoiam o prefeito. Ele vai viajar e ficar 20 dias fora e não vai dar tempo de negociar salário com a classe. Portanto, qual a percepção de futuro? Eu vou concordar com uma coisa dessas? Não vou, pois tenho que acima de tudo manter minha dignidade.”

Melhorias

Durante a sua gestão, o ex-secretário aponta a implantação de plantões 24 horas de todas as especialidades médicas na Santa Casa (atualmente neurologia e neurocirurgia estão suspensos), aquisição de UTI móvel, nova portaria da Santa Casa e integração do PAM ao hospital e atendimento diferenciado (carinhoso) da equipe do PAM.

E disse mais: “Ainda tem falhas, é verdade, mas mudou. Quem se lembra do PAM? Pessoas morrendo porque não dava tempo de chegar à Santa Casa. Hoje é muito diferente. Além disso, passamosde seis PSFs para onze, temos dois já aprovados. Plano de carreira já pronto. Conselho Municipal de Saúde revisado, com a lei pronta. Três conferências de saúde. A informatização está pronta. Temos um modelo de gestão com missão e visão, com quatro eixos estruturantes e metas de crescimento. Então deixamos o projeto da Unicentro pronto, mas ele vem me enrolando porque não interessa o meu crescimento político, mas sempre fui técnico. A politicagem na política é um problema, precisamos mudar esse conceito.”

Sucessor

“Eu espero que o meu sucessor seja alguém da equipe para evitar um estrago maior, e não da forma como está se desenhando – um responsável pela parte administrativa e um pela parte assistencial. Eu saio realizado e com a consciência do dever cumprido. Eu torço, e é uma provocação que faço ao chefe do Executivo, que não estrague demais o que foi feito.”

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