Há algum tempo sou professor de Ética e Cidadania, e em um desses momentos tênues das aulas acaloradas pelas discussões – sejam políticas, sejam do próprio processo ser-humano em sociedade, um aluno relembrou-me a questão do poder. Se por um lado ele corrompe, por outro, o poder encontra também formas de se corromper. E nessas horas, ele é o seu próprio vilão.
Há um paralelo possível com esta questão quando tomamos não somente a política e o estado político que se tem visto nas últimas semanas em nosso país. Atrever-se a discutir política é um tanto quanto complicado. Cada um tem seu partido, sua égide de pensamento e a segue com afinco – para ganhar. Novamente, o poder – poder da compreensão e do pensamento intelectual.
O poder, há muito, dirige nosso comportamento. Enquanto pequenos, nossos pais tem o poder sobre nós, ainda que sejamos livres em escolha, mas sempre nos questionam quem nos manda. Ainda, quando na adolescência pedimos o poder, o fazemos de várias formas – e sempre escutamos que estamos em crise ou que estamos simplesmente sendo “aborrecentes”. Quando crescemos mais um pouco – adultecemos – o poder muda de figura.
Muda porque não sabemos administrar tão bem quanto é o poder que se tem nas mãos. O poder da escolha pode ser facilmente driblado pelo poder de uma situação externa, chamada de situação crise, que não se teria outra ou qualquer saída para um determinado momento. O poder de decidir entre tantas possibilidades amorosas, e no final, termos que escolher somente uma para passar a vida toda – ou ter o poder de fazer outras escolhas e lidar com as consequências do mesmo.
E toda escolha vem com um poder. Estranhamente, que esquecemos disto em determinados momentos – e a nossa escolha, torna-se simplesmente, uma escolha – perde o poder. Não se torna a questão do poder algo que se possa ser dado ou tirado. Ele está além – o poder não está colocado em uma posição.
Tome a história, e perceberá que o poder de um posto ou posição é um poder de escolha. Este poder de escolha nem sempre está sozinho – há outros com poder muito ou tão maiores quanto aqueles. Conselheiros foram responsáveis por muitos atritos entre reinos, e muitas guerras começaram muito antes do desejo de um rei conquistar este ou aquele território.
O poder não comanda um homem, mas ele revela o caminho real que um homem adotaria.
O link que se pode fazer a todo instante no qual o poder está nas mãos e jogatinas de interesses, é que ele é sempre um preparo para um período congelante. Esperar que as alegrias de um impeachment abram as portas para uma economia mais justa, e que todos possamos encontrar as mesmas condições de saúde, educação, moradia, economia, etc. é ainda algo a se pensar.
O que acontece num inverno senão um frio paralisante. Trace esta linha para pensar que as transições de poder representam mudanças em diferentes níveis. Acredito que a mudança nunca é ruim, se souber os caminhos pelos quais uma mudança pode passar.
Mais uma vez, Maquiavel tem se tornado tão atual quanto outros teóricos:
“Dê poder a um homem, e verás quem ele realmente é.”
Por Bruno Araújo
Poxa que site top. Muita informação de qualidade. Foi dificil achar algo de valor na internet. Abraço e sucesso