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Insatisfeita com reclamações, Bem Brasil ameaça deixar Araxá

Insatisfeita com reclamações, Bem Brasil ameaça deixar Araxá

O Fórum Comunitário promovido pela Câmara Municipal com a empresa Bem Brasil Alimentos teve tom de ameaças. Descontente com as frequentes reclamações da população sobre o mau cheiro causado pela fábrica de batatas pré-fritas, o diretor-presidente e proprietário João Emílio Rocheto foi claro e objetivo com os vereadores.

“Assim como Araxá fez na época, há outras prefeituras dispostas a custear a transferência da nossa indústria para os seus municípios. Não criamos raízes aqui e caso Araxá entenda que a fábrica da Bem Brasil não é boa para a cidade podemos mudar sem nenhum problema. Já pensamos nessa possibilidade, mas ainda não tem nada de concreto”, alertou.

De acordo com ele, o mau cheiro é um processo natural na indústria proveniente da estação de tratamento de efluentes. “É um problema que estamos trabalhando para minimizar, mas não há como garantir que vai acabar por completo. Em um período ou outro a população da região Norte vai sentir realmente esse mau cheiro porque é um processo industrial natural”, disse.

“Infelizmente, a indústria foi instalada no lugar errado, não esperávamos um crescimento tão grande da cidade para aquela região. Também não sabíamos qual o impacto que uma indústria de batatas pré-fritas poderia causar se estivéssemos dentro de perímetro urbano porque não sabíamos como era o processo. Não tínhamos exemplos a seguir, fomos pioneiros, destacou Rocheto.

Segundo ele, outros problemas serão identificados pela comunidade caso o município continue a crescer naquela região. “A construção de um novo bairro, como já foi anunciado, é mais um problema que teremos. A fábrica, como qualquer outra, gera barulhos, pois são máquinas e caminhões em operação. Com a proximidade cada vez maior entre a empresa e a comunidade essa questão vai começar a ser sentido e as reclamações vão acontecer.”

“O que queremos mostrar é que não podemos fazer nada. São situações naturais de uma empresa que convive com a comunidade. Atualmente, estamos em um processo de expansão. Vamos implantar uma segunda linha de produção de batatas pré-fritas, que deve gerar um crescimento de mais de 150% ao longo dos próximos dois anos”, afirmou.

O empresário ressalta que com a expansão a fábrica passa a produzir mais de 100 mil toneladas/ano de batatas pré-fritas, número bem maior que o atual (40 mil toneladas).

“A Bem Brasil oferece atualmente 270 empregos diretos e devem ser gerados mais 60 empregos depois da expansão totalmente concluída. Ou seja, vamos produzir mais, vamos gerar mais empregos e consequentemente poderemos ter um problema ou outro com a questão do barulho e do mau cheiro. Sabemos que o problema incomoda muito os moradores, há três anos temos tentado solucionar. Houve melhora, mas não conseguimos por completo”, esclareceu Rocheto.

A bióloga e consultora ambiental da Bem Brasil, Rosângela Rios, disse que a questão do mau cheiro é realmente natural de qualquer empresa alimentícia. “É um odor como dos laticínios e abatedouros. A fábrica é a primeira no Brasil, então o tratamento dela foi projetado não contemplando a questão do odor. Tampamos a lagoa e hoje já existem equipamentos comprados para otimizar e não ter mais esse tipo de problemas. O odor incomoda, nós temos consciência disso, mais não é uma chuva ácida e nem poluição química.”

“Além do mais ele está sendo resolvido. Para que a expansão fosse autorizada pelos órgãos ambientais, a empresa deve solucionar esse problema do odor. Estamos trabalhando para isso e vamos tentar solucionar, mas não sabemos se por completo”, acrescentou a bióloga.

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