Quando uma criança passa por um período de internação hospitalar, uma série de alterações são realizadas na sua rotina, como o uso regular de medicamentos, o distanciamento da casa, da escola e dos amigos. Todas essas mudanças provocam impactos importantes na vida do paciente e de sua família. Nesse contexto, a brinquedoteca hospitalar tem o papel de minimizar as mudanças instauradas no cotidiano da criança e contribuir para o seu desenvolvimento e redução do estresse causado pela hospitalização.
A necessidade da prática de atividades lúdicas durante a internação já possui, inclusive, respaldo legal. A Lei nº 11.104/2005 determina que todos os hospitais que oferecem atendimento pediátrico devem contar, obrigatoriamente, com uma brinquedoteca em suas dependências.
Estação da Alegria
A brinquedoteca localizada no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII) é um exemplo bem sucedido de espaço com proposta de atividades de lazer em unidade hospitalar. A “Estação da Alegria” funciona desde 2007 e conta com brinquedos adquiridos por meio de doações. As crianças somente frequentam o local quando já não possuem nenhuma restrição de contato, imobilização ou outras condições avaliadas pela equipe assistencial. O espaço é uma iniciativa do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), junto com o Governo de Minas.
A pedagoga do HIJPII, Jaqueline Leite Dantas, explica como se dá a organização dos projetos da brinquedoteca. “É preciso planejamento. Elaboramos atividades dirigidas, que são planejadas pela equipe, considerando o interesse das crianças e o contexto hospitalar e social (estímulo a habilidades específicas, comemoração de datas especiais, campanhas educativas e de saúde). Alinham-se a essas atividades propostas de contação de histórias, artes, oficina de artesanato, cinema, projeto de educação para a saúde, entre outras”, conta a pedagoga.
Progresso perceptível
Para a coordenadora da Unidade de Apoio ao Paciente (UAP) do HIJPII, Maria Elisa Marangoni, a contribuição das atividades da brinquedoteca para a recuperação das crianças é visível. “Para nós que estamos diariamente com as crianças é fácil perceber o quanto este espaço interfere de maneira positiva na sua recuperação. O ‘brincar’ é essencial à saúde e ao desenvolvimento infantil, é manifestação de vida e não pode ser interrompido por uma internação”, afirma. “O ‘brincar’ gera satisfação emocional, autoconfiança e estreita os vínculos afetivos entre a criança e o seu acompanhante. É uma atividade terapêutica por excelência”, conclui.
Experiências
Portador de fibrose cística, J.S.S.N., de 11 anos de idade, passa períodos no HIJPII e revela que a brinquedoteca é um espaço que o alegra. “Gosto muito daqui. Posso brincar e fazer amizades. Me divirto bastante com as brincadeiras e com os jogos”, conta.
Para a mãe de um bebê de seis meses internado no HIJPII, a brinquedoteca é um lugar especial. “Vejo que aqui as crianças podem expressar a sua criatividade livremente. Isso traz alegria”, disse.
A brinquedoteca “Estação da Alegria”, do HIJPII, funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30, com intervalo de uma hora para o almoço.