O Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sediou, na manhã da última sexta-feira (22), o Debate Público Apoio à Transformação dos Cefets em Universidades Tecnológicas, promovido pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia. Os convidados presentes defenderam a mudança e salientaram que ela não significará o fim dos cursos técnicos. “Essa é uma preocupação do Governo Federal, e é bom deixar claro que o Cefet não fugirá à sua responsabilidade de formar técnicos ao ser transformado em universidade”, disse o deputado federal Gabriel Guimarães (PT-MG).
O diretor-geral do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Márcio Silva Basílio, afirmou que a extinção dos cursos técnicos não faz parte do projeto e apresentou gráficos que mostram o crescimento constante da oferta de cursos desse nível, que não diminuiu quando foi intensificada, em 2005, a criação de cursos de graduação. Hoje, a instituição conta com 44 cursos técnicos, 16 de graduação, sete de mestrado e um de doutorado, distribuídos por dez unidades em nove municípios.
Márcio Basílio acredita que a transformação vai agregar valor aos cursos técnicos Márcio Basílio acredita que a transformação vai agregar valor aos cursos técnicos – Foto: Pollyanna Maliniak
Basílio explicou que a intenção é implantar em todas essas unidades o modelo verticalizado de ensino, no qual o conhecimento circularia entre todos os níveis. “Os alunos do ensino técnico estarão expostos a conhecimentos acima do mínimo necessário a eles. A transformação do Cefet em universidade vai agregar valor aos cursos técnicos”, disse. Para ele, essa circulação de conhecimento se dará especialmente por meio de projetos de pesquisa e extensão. “A mudança nos dará mais autonomia e melhores condições de financiamento para implantar o projeto”, completou.
A comparação com a situação do Paraná, onde o Cefet foi transformado em universidade em 2005, foi feita pelo reitor da Universidade Federal Fluminense, Roberto de Souza Sales. Ele questionou a falta de isonomia do Governo Federal, que concedeu essa transformação naquele Estado, mas não para as instituições de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. “Se os ministros da Educação estão negando, precisamos unir forças para conversar diretamente com a presidente Dilma Roussef”, disse.
Alunos e professores se manifestam favoravelmente
A posição favorável dos alunos à proposta foi exposta por Camila Marçal Cavalcanti, aluna do curso técnico de controle ambiental da unidade de Contagem. “Mas não queremos uma transformação burocrática, no papel; queremos uma transformação real, em cada detalhe, desde a carteira na qual sentamos até os laboratórios nos quais estudamos”, disse. Ela afirmou, ainda, que é preciso igualar as condições das diversas unidades do Cefet-MG e afirmou que nem todas possuem a estrutura e a excelência pelas quais a instituição é conhecida. “Estudo em Contagem e sei que lá não temos as mesmas condições oferecidas aos que estudam no campus de Belo Horizonte”, disse.
O representante dos professores, Antônio Arapiraca, presidente do Sindicato dos Docentes do Cefet-MG, também se manifestou favoravelmente à mudança. “A transformação do Cefet-MG é um caminho natural do amadurecimento histórico da instituição”, disse.
O debate público foi precedido de sete audiências públicas no interior do Estado, todas elas solicitadas pelo deputado Bosco (PTdoB). Ele afirmou que o objetivo dos encontros é sensibilizar o Governo Federal para que essa transformação seja efetivada. O parlamentar apresentou dados sobre as cidades que abrigam unidades do Cefet e salientou que seis dos nove municípios não contam com universidades federais. “Por isso, com a transformação dessas unidades em universidades, atenderemos, no mínimo, uma população de mais de 2,5 milhões de pessoas”, disse.
O deputado Sávio Souza Cruz (PMDB) salientou que, em todas as reuniões sobre o assunto, a opinião de que o Cefet-MG deveria ser transformado em universidade tecnológica foi unânime. “Se, por um lado, audiências em que todos se juntam por um objetivo comum ficam frias pela falta do contraditório, por outro, revelam que a causa é justa e merece prosperar”, disse.
A deputada Luzia Ferreira (PPS) afirmou que os parlamentares estão unidos para referendar a excelência a a força do Cefet. “Há mais de 100 anos, essa instituição tem prestado um excelente serviço à sociedade e hoje clama para dar mais um passo à frente e continuar contribuindo para o desenvolvimento do País”. A deputada Maria Tereza Lara (PT) observou que o debate ajudou a valorizar a instituição. “Creio que a presidente Dilma Roussef será sensível a essa reivindicação”, disse.
Fonte: Assembleia de Minas