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Vacina da dengue terá primeiros testes em dezembro

Agência Fapesp – Fábio Reynol

Cerca de 3 bilhões de pessoas moram em regiões sujeitas ao contágio e 20 milhões de turistas passam anualmente por esses lugares. No Brasil, a cada ano o cenário se repete.

A dengue é uma das maiores epidemias mundiais e, por isso, alvo de institutos de pesquisa e corporações farmacêuticas de diversos países que buscam desenvolver uma vacina para o mal. No Brasil, o desafio foi tomado pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Representantes das instituições falaram sobre os estágios em que se encontram as vacinas brasileiras para a dengue na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas. Elena Caride Siqueira Campos, da Fiocruz, e Expedito de Albuquerque Luna, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, que participa da pesquisa do Butantan, discorreram sobre a doença e seus trabalhos de pesquisa.

Em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês), os trabalhos do Butantan estão mais adiantados. “Já estamos na fase das pesquisas clínicas com humanos e em dezembro deveremos ter planta piloto produzindo a vacina”, anuncia Luna, que espera ter, em 2010, uma planta definitiva instalada no instituto paulista.

O Butantan realizará, em breve, ensaios minuciosos em uma cidade no interior de São Paulo para testar a eficácia da vacina. “Necessitamos de dados precisos sobre o número de pessoas contaminadas, o que ainda não existe”, diz Luna. Isso ocorre porque a maioria das pessoas que contrai a doença não desenvolve os sintomas. No estudo, os moradores da região que tiverem febre farão exame de sangue para saber se ela foi causada pela dengue.

Combate a quatro vírus ao mesmo tempo

A vacina da Fiocruz nasce com a técnica de clones infecciosos e tem como base o vírus da febre amarela. A técnica consiste em retirar um trecho do genoma do vírus da febre amarela e colocar no lugar o pedaço equivalente do vírus da dengue. O resultado é o chamado “genoma quimérico”.

O uso do vírus da febre amarela não vem por acaso. O instituto fluminense é o maior produtor mundial da vacina 17D para essa doença. Com isso, a Fiocruz pretende aproveitar o know how e a capacidade instalada para futura produção da nova vacina.

Mas combater a dengue no organismo humano não é fácil. Existem quatro tipos diferentes de vírus e, para ser eficaz, a vacina terá de ser tetravalente, ou seja, combater os quatro simultaneamente. “Para cada um desses tipos é preciso encontrar um equilíbrio entre atenuação do vírus (para que a pessoa não adoeça com o medicamento) e imunogenicidade (a “força” que a dose deve ter para imunizar)”, explica Elena. 

Segundo a pesquisadora, o trabalho ainda não encontrou resultados satisfatórios para a dengue do tipo 3. Mesmo assim, ela espera já em 2009 poder realizar os testes das primeiras formulações tetravalentes da vacina e, até 2012, dar início aos testes clínicos.

No Brasil, até agora foram registrados os tipos 1, 2 e 3 da dengue, mas, segundo os dois especialistas, é apenas uma questão de tempo para o tipo 4.

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