Respeito à diversidade humana. Esta é a premissa do design inclusivo, também chamado de universal. O termo, conhecido mundialmente, se refere à concepção de espaços, produtos e serviços utilizáveis com eficácia, segurança e conforto pelo maior número de pessoas possível, independentemente das suas capacidades.
“Equidade e justiça social através do design estão inseridas na busca de uma sociedade inclusiva que valorize o respeito pela diversidade humana”, defende a designer industrial e arquiteta para crianças Érika Foureaux, que desenvolveu um projeto pioneiro: a Carteira Escolar Inclusiva (CEI).
O produto, que alia design, inovação e inclusão, foi desenvolvido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), dentro do Programa Amitec.
A CEI beneficia todas as crianças, portadoras ou não de deficiência física, proporcionando um bom posicionamento, estabilidade e segurança intelectual na realização de tarefas escolares.
“A ideia surgiu a partir da experiência de minha segunda filha, Sophia, que tem deficiência física. Em seu primeiro dia de aula, ela observou que com o mobiliário existente em sala, mesmo os adaptados, ela não conseguiria desempenhar suas tarefas em igual condição com as demais crianças.”
Para o desenvolvimento da CEI foi feito um trabalho de pesquisa que envolveu 27 instituições de ensino em Belo Horizonte. “Selecionamos escolas públicas regulares do ensino fundamental que praticam a inclusão e possuíam ao menos um aluno deficiente em classe regular. Em seguida, formamos sete equipes multidisciplinares compostas por arquitetos, designers, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, sociólogos e pedagogos”, explica a designer.
A equipe iniciou, então, uma fase de diagnósticos, com relatórios de acessibilidade arquitetônica, de mobiliário e de áreas externas, com foco nas atitudes percebidas pelo grupo frente à comunidade escolar.
O apoio do Programa Amitec, fruto de uma parceria entre a Fapemig, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae/MG), possibilitou a conclusão do projeto.
“A partir do programa, conseguimos o incentivo financeiro que precisávamos para contratar a equipe de engenharia mecânica. Sem esta etapa, o produto não se viabilizaria”. Oito profissionais se dedicaram, por cerca de um ano, a desenvolver soluções que foram desde a mecânica até os processos de fabricação, materiais e logística de produção.
O principal diferencial da cadeira inclusiva é oferecer às salas de aula um móvel que pode ser utilizado por qualquer criança, com deficiência ou não, proporcionando melhor desempenho nas tarefas e no aprendizado.
“Isso reforça o sentido real de igualdade, de oportunidades e de direitos. O mobiliário diferenciado ressalta a exclusão por sua aparência vinculada à doença. A CEI, por sua vez, é bonita e de fácil manutenção”, diz.
A carteira também é regulável em altura, profundidade e inclinação. Ela pode ser utilizada também por cadeirantes, já que respeita as normas estipuladas pela ABNT para este usuário.
Com Agência Minas