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CBMM é primeira empresa a processar terras-raras fora da China

CBMM é primeira empresa a processar terras-raras fora da China

Evento de divulgação; Tadeu Carneiro, diretor-geral da CBMM - Fotos: Jorge Mourão

Da Redação/Jorge Mourão – A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) anunciou, nesta terça-feira (22), que é a primeira empresa fora da China a desenvolver tecnologia para processamento de quatro dos 17 elementos existentes em terras-raras – cério, lantânio, neodímio e praseodímio. A primeira fase da planta-piloto abrangeu cerca de um ano e meio de estudos e, de acordo com a mineradora, foram investidos R$ 50 milhões. O diretor-geral da CBMM, Tadeu Carneiro, afirma capacidade de processamento está estimada em até 3 mil toneladas por ano.

Antes de anunciar a novidade, o diretor apresentou um breve histórico da implantação da CBMM em Araxá nos anos 60 para a exploração do nióbio, quando também foi pioneira, e destacou as principais ações da empresa nos quesitos de ambiental, administrativo e de responsabilidade social.

Já em relação às terras-raras, ele afirma que o próximo passo é a captação de empresas interessadas pela compra do produto, utilizado na tecnologia de TVs de tela plana, tablets, veículos, fibras ópticas, aparelhagem industrial e outros. Os elementos são retirados dos rejeitos do processamento do nióbio, minério este em que a CBMM possui uma carteira de 300 empresas/clientes.

“Uma característica interessa é que não são terras e nem raras, ou seja, existem em qualquer lugar, mas o importante que não se tem com frequência é a tecnologia. Acabamos de desenvolver uma série de processos para concentrar as terras-raras e purificá-las, e poder fazer o uso disso e tornar a empresa, num futuro próximo, fornecedor desses elementos”, afirma Tadeu Carneiro.

“Estamos em um momento inicial, fizemos uma planta-piloto que provasse o que foi desenvolvido, e isso foi feito sem esperar um retorno com vendas ou que se tornasse um negócio rentável imediatamente, foi feito dentro de um caráter empresarial da CBMM em mostrar que tentamos sempre aproveitar o máximo possível do minério que exploramos. Para Araxá, isso é muito importante, porque existem centenas de diferentes projetos de companhias do mundo inteiro tentando fazer isso que conseguimos. Ser rápido neste sucesso tecnológico vai significar muito para a cidade”, acrescenta o diretor-geral.

Amostras dos elementos produzidos pela CBMM - Foto: Daniel Honorato

Para o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Oswaldo Borges da Costa Filho, “o governo de Minas tem prestado todo o apoio nessa nova fronteira que é a exploração das terras-raras”.

“O Tadeu é um parceiro espetacular, uma pessoa dedicada, e que tem feito um esforço muito grande para desenvolver essa nova fronteira dirigida para o país, para Minas e principalmente para a comunidade de Araxá. E a questão da produção das terras-raras pela CBMM é um fato inédito, ninguém sabia disso. É uma notícia muito importante para a comunidade mineral e todo o país” destaca.

O prefeito Jeová Moreira da Costa destaca as perspectivas futuras que as terras-raras poderão proporcionar. “Estamos muito felizes com essa novidade e como a CBMM é exemplo de excelência. Traz para nós a parceria sadia com a comunidade, fortalecedora, aonde coloca Araxá na vanguarda das demais cidades de Minas Gerais. Desenvolver um eixo para explorar as terras-raras é muito enriquecedor, e com certeza trará novas esperanças para as nossas crianças e juventude, ampliando o conhecimento.”

Além dos entrevistados, o evento que anunciou a planta-piloto, promovido no Grande Hotel, contou com as presenças de representantes políticos, empresariais, de segurança pública, imprensa e demais convidados.

MbAC

Representantes da multinacional canadense MbAC, que no início do ano anunciou a intenção de explorar as terras-raras em Araxá e também desenvolve pesquisa, chegaram à cidade nesta quarta-feira para uma missão de uma semana. Eles vão visitar as terras que estão em sendo desapropriadas pela prefeitura para, possivelmente, iniciar a exploração até o fim do ano.

Segundo eles, Araxá possui um dos mais altos níveis de óxidos de terras-raras do mundo, e estudos apontam que é possível produzir até 9 mil toneladas dos elementos por ano.

Atualmente, a China é responsável por 97% do volume de terras-raras processados no mundo, o que coloca os demais países nas mãos dos orientais para o uso do produto, que garante o aperfeiçoamento de equipamentos com alto grau de tecnologia.

Esse motivo é apontado como responsável pelo aumento do valor de mercado dos minerais. Nos últimos anos, a elevação de preço superou 1.000% para alguns elementos. “Temos potenciais mercados nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Mas ainda estamos engatinhando, como foi com o nióbio há 47 anos”, afirma Tadeu Carneiro, que aponta como um dos principais êxitos a CBMM ter desenvolvido produtos específicos e criado mercado para que eles fossem comercializados.

Atualmente, a empresa responde por 85% do mercado de nióbio do mundo, o que significa a produção de 75 mil toneladas por ano.

Com Estado de Minas

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