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Embrapa desenvolve sensor que avalia grau de maturação de frutas

Embrapa desenvolve sensor que avalia grau de maturação de frutas

Pesquisadores da Embrapa Instrumentação desenvolveram um sensor de baixo custo para monitorar o grau de maturação de frutas. O dispositivo é chamado de Yva (fruta, em tupi guarani) e será apresentado publicamente, pela primeira vez, na Anufood Brazil, feira internacional do setor de alimentos e bebidas. O evento será realizado a partir da próxima segunda-feira (9), em São Paulo.

Utilizando recursos de nanotecnologia e inteligência artificial, o Yva detecta a liberação do gás etileno, hormônio responsável pelo amadurecimento de frutos climatéricos, como são denominados aqueles que amadurecem após a colheita. O sensor é classificado de colorimétrico, pois realiza a aferição com base em cores, que variam do roxo para o marrom. Cada uma das tonalidades corresponde a um estágio de maturação do fruto.

A Embrapa Instrumentação é uma das unidades de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e está localizada no município de São Carlos, em São Paulo.

Para avaliar a efetividade do Yva, os pesquisadores fizeram testes com manga, mamão e banana, mas afirmam que a tecnologia pode ser aplicada a outros frutos climatéricos, como pêssego, caqui, ameixa e maracujá, também muito presentes na mesa do brasileiro.

As informações captadas pelo nanossensor poderão ser lidas por qualquer câmera de celular, como uma etiqueta QR Code, e interpretadas por meio de um aplicativo. A proposta dos pesquisadores é que o sensor seja colocado dentro de embalagens plásticas ou caixas de frutas, auxiliando os clientes a verificar a qualidade dos produtos que estão nas prateleiras e os comerciantes a rastrear lotes e gerir melhor os estoques.

Descartável, o Yva deve chegar ao mercado com custo estimado de R$ 0,08 a R$ 0,10 por quilo de fruta. Para que o projeto saia do papel e seja lançado, a equipe busca agora captar recursos. Calcula-se que a quantia necessária para a finalização seja de R$ 700 mil a R$ 800 mil.

Segundo Marcos David Ferreira, um dos pesquisadores envolvidos no projeto, o Yva é uma iniciativa nova no Brasil. Ferreira disse que tem-se notícias de um empreendimento semelhante na Nova Zelândia, elaborado há cerca de uma década, mas que servia especificamente para monitorar a madurez de peras. “Até onde a gente sabe, não passou por um processo de comercialização. Foi mais um protótipo comercial”, esclareceu o pesquisador.

O principal objetivo da ferramenta, resumiu Ferreira, é reduzir as perdas de alimentos, área em que se especializou. De acordo com a Embrapa, a cada ano, no Brasil, 26 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo, quantidade que poderia servir a 13 milhões de pessoas.

O pesquisador lembra que, além da má distribuição de alimentos, o próprio manuseio das frutas também causa perdas. “As perdas de alimentos, tanto no Brasil como no mundo, são de 30% a 40%. Esse número varia, dependendo do produto e da metodologia usada [para avaliar a dimensão]. De dez caixas [de frutas], quatro, em média, são jogadas fora. O que acontece com as perdas? Elas são segmentadas. Você está lá na produção, teve uma perda, problemas com insetos, praga. Depois, o alimento é lavado colhido, embalado, e vai perdendo. O fruto é vivo e as pessoas não têm essa noção”, afirmou o engenheiro agrônomo, destacando uma proporção também citada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para debater a insegurança alimentar, observada em todo o mundo.

“A gente tem feito algumas ações de transferência de tecnologia, por meio de cursos, palestras, pesquisas, para tentar mitigar e mudar essa situação. Uma das pesquisas realizadas foi a do nanossensor. Foi uma equipe multidisciplinar. Eu estava na parte da colheita e teve um outro grupo, de nanotecnologia, e a gente identificou a necessidade de desenvolver um sensor”, acrescentou.

Estrutura e financiamento

O estudo começou a ser desenvolvido sete anos atrás e, há dois ou três, aproximadamente, a equipe da Embrapa firmou parceria com a Siena Company, empresa especializada em desenvolvimento de softwares.

O projeto também recebeu um aporte de R$ 220 mil do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), que é operado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e está vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Os testes da pesquisa foram feitos no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), pertencente ao Sistema Nacional de Laboratórios de Nanotecnologia (SisNano), do MCTIC.

Fonte: Agência Brasil

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