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Presídio de Araxá diversifica iniciativas de ressocialização

Presídio de Araxá diversifica iniciativas de ressocialização

O Presídio de Araxá ocupa  lugar no Estado de destaque quando o assunto é o trabalho como forma de ressocialização dos detentos. As atividades vão desde artesanato até a construção civil, passando por reciclagem, oração e festejos em datas comemorativas. No local, todos os 136 detentos já condenados participam de projetos que contribuem para sua reinserção na sociedade, que servem ainda de porta para entrarem no mercado de trabalho quando terminarem de cumprir as penas.

As iniciativas vão além, sendo que desde julho de 2008 uma dentista voluntária vai ao presídio, uma vez por semana, para fazer atendimento individual aos presos.

Nessa mesma época, teve início o projeto Real Liberdade, em que integrantes dos Narcóticos Anônimos ministraram palestras semanais a 20 detentos que já foram usuários de drogas e desejam deixar a dependência em caráter definitivo.

A unidade prisional também conta com uma horta na qual os presos são responsáveis por todo o processo, desde o plantio até a colheita. No ano passado, foram colhidas 8,9 toneladas de legumes e verduras, como alface, cenoura, beterraba e cebolinha. Os alimentos são doados aos familiares dos presos e a creches, asilos, hospitais e casas de sopa, dando exemplo de solidariedade e responsabilidade social.

O trabalho com a terra e de caráter comunitário não termina por aí. No projeto Plantando a Liberdade, os detentos atuam no plantio de mudas de eucalipto em um terreno em frente da unidade. Em 2009, cerca de 550 mil mudas foram doadas para pequenos produtores, que as utilizaram para fazer cerca e curral, sem haver necessidade de derrubar a mata nativa.

Ainda no começo de 2008, a unidade prisional fez uma parceria com a empresa Idarró Indústria e Comércio de Calçados, garantindo emprego para 14 presas que aprenderam a fazer bordado com miçangas. Com o trabalho, elas têm direito a remissão de pena (a cada três dias trabalhados, um a menos de detenção) e, mais do que isso, visualizam o artesanato como uma profissão para o futuro.

Conscientização

Como prova de que um ambiente agradável depende da atuação de todos que nele vivem, os detentos do presídio de Araxá desenvolvem uma série de atividades de cuidado e aprimoramento do espaço em que estão inseridos.

Sob a coordenação da gerente de produção da unidade, Graziela Oliveira, presos que aprenderam a arte da jardinagem no projeto Pequeno Jardineiro, da Prefeitura de Araxá, cuidam dos jardins da unidade, fazendo poda e regando as plantas.

Aqueles que têm experiência em construção civil também projetaram e construíram um canil dentro da unidade, onde ficam três cachorros que auxiliam os agentes durante o serviço de guarda do presídio.

Foram os próprios presos que atuaram também na construção de um oratório, que foi inaugurado em setembro de 2009 e fica à disposição dos que quiserem passar algum tempo em reflexão e oração.

Em meados do ano passado, foi criado o Grupo de Orientação Familiar (GOF), que realiza um trabalho junto às famílias dos detentos, para amenizar suas angústias e fazê-los aceitar melhor a situação, proporcionando melhor convívio com o preso e com a sociedade de maneira geral.

Os 278 detentos do presídio, além dos funcionários e visitantes, utilizam diariamente grande quantidade de marmitex, copos descartáveis, caixas de papelão e garrafas pet.

Para evitar que tudo se transforme em lixo e seja lançado de forma irresponsável no meio ambiente, todo o material é doado ao grupo Zema, que os reutiliza na produção de recicláveis. O dinheiro arrecadado com as vendas é direcionado a instituições que prestam assistência a crianças e adolescentes.

Parcerias

O Presídio de Araxá tem ainda outros dois projetos em fase de implementação. O primeiro deles é o da construção da escola e da biblioteca da unidade. A obra está em sua fase final e, de acordo com o diretor-geral da unidade, Marcelo Lima, acaba dentro de um prazo de dois meses.

Haverá vagas para 150 presos que já passaram pela prova de classificação e estão só aguardando a conclusão das obras para dar continuidade aos estudos.

Serão três salas, sendo uma para o ensino regular, outra para o aprendizado de informática e corte de cabelo e a última para ensino profissionalizante. A biblioteca irá comportar três mil obras, facilitando o acesso aos livros.

Atualmente a unidade tem uma biblioteca menor e, para minimizar o problema da dificuldade de manuseio dos livros, dois detentos são responsáveis por ler as obras e escrever resumos. Os outros presos têm acesso a esses resumos e podem, a partir deles, escolher os livros que querem ler.

O outro projeto é o denominado como Sorrindo para a Liberdade. Ele consiste de uma parceria com a Prefeitura de Araxá, através do qual especialistas em periodontia, cirurgia, clínica geral e endodontia irão fazer atendimento no próprio consultório da unidade, dispensando a escolta dos detentos até os postos municipais.

Para Marcelo Lima, o sucesso do trabalho de ressocialização do Presídio de Araxá é reflexo de um conjunto de fatores, como o apoio da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que permite o desenvolvimento dos trabalhos, a conscientização dos funcionários do presídio de que os projetos são importantes e a própria sociedade de Araxá, que faz doações e acredita nos projetos.

“A nossa ideia é desenvolver várias iniciativas dentro da unidade, de forma que todos os presos se encaixem em alguma delas, com base em sua preferência”, explica.

Com Agência Minas

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