A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reforça a importância da realização do parto normal de forma acolhedora e humanizada. O Sistema Único de Saúde (SUS) entende que cada parto é único e, por isso, diversos programas e ações estão sendo construídos para que a mulher seja acolhida e tenha suas vontades respeitadas.
Em Minas Gerais, os partos normais realizados no SUS são maioria. Em 2016, dos 165.241 partos realizados no estado pelo SUS, 55,3% foram normais. Entretanto, os partos normais ainda são cercados de mitos, como se causassem dor e sofrimento à mãe e à criança.
Mas as vantagens desse tipo de parto são extensas, começando pelo fortalecimento do sistema imunológico do bebê que, ao passar pelo canal vaginal da mãe, tem contato com bactérias naturalmente presentes nessa parte do corpo da mulher. Além disso, por meio do parto normal, o ritmo cardíaco, fluxo sanguíneo e a maturação pulmonar do bebê são gradativamente trabalhados.
Aniele Oliveira Rosa passou pela experiência do parto normal nas suas duas gestações. A última foi há 11 meses, quando sua segunda filha nasceu, em Belo Horizonte, com todo o procedimento feito por meio do SUS.
“Eu sempre quis parto normal, principalmente por causa da recuperação que é mais rápida. No parto do meu primeiro filho a minha mãe estava comigo como acompanhante, por isso fiquei mais calma. Já no segundo parto, da minha filha mais nova, eu me senti um pouco mais tensa, mas correu tudo bem”, conta.
Considerado um dos momentos mais importantes para a construção do vínculo entre a mãe e o bebê, o parto precisa ser tranquilo e seguro, prezando pelo acolhimento da gestante e da criança.
Entre os principais direitos da gestante estão: a livre escolha do acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, conforme previsto na Lei Nº 11.108, de 7 de abril de 2005, contato pele a pele com o bebê, amamentação, analgesia para o parto e redução de intervenções desnecessárias.
Existe um mito de que o parto normal é um procedimento de dor e sofrimento e que a cesariana é mais segura. Entretanto, existem riscos e eventos adversos que podem acontecer nos partos realizados com cirurgia ou pelo uso de medicamentos para a operação cesariana.
Rede Cegonha
Como incentivo ao parto humanizado e ao cuidado integral com a saúde da mãe e da criança, a SES-MG aderiu à Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde que implementa uma série de cuidados com a saúde da mulher.
Por meio do programa é assegurado às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada durante o período da gravidez, parto e puerpério. Além disso, através do programa, é garantido à criança o direito a um nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis.
De acordo com a coordenadora de Atenção à Saúde da Mulher da SES-MG, Ana Paula Mendes Carvalho, a adesão à Rede Cegonha é uma entre as diversas estratégias adotadas pelo estado para incentivar o parto normal, acolhedor e humanizado.
“A SES-MG participa de diversos espaços e estratégias que abordam a questão da qualificação da atenção perinatal, o que inclui a mudança no modelo de atenção ao parto e nascimento, redução de cesarianas desnecessárias e promoção do parto normal seguro, digno e respeitoso. Aderindo à Rede Cegonha, Minas reafirma o compromisso em qualificar assistência às mulheres e famílias”, afirma Ana Paula.
Profissionais preparados
A transição do modelo de atenção ao parto e nascimento é um processo que envolve complexas mudanças culturais, sociais e assistenciais. Nesse sentido, um dos desafios é a formação dos profissionais de saúde, que devem estar preparados para acolher a mulher.
“É importante que a temática seja abordada com enfoque nas evidências científicas, nas boas práticas de atenção ao parto e nascimento, no modelo centrado na mulher e família, valorizando o modelo colaborativo, no qual a equipe multidisciplinar participa do cuidado integral à mulher”, explica Ana Paula Mendes.
Uma das estratégias centrais no incentivo ao parto normal é a inserção de enfermeiras obstétricas nos cenários de parto e nascimento, como parte integrante da equipe. Por isso, em Minas Gerais, foram criados cursos de aprimoramento voltados para enfermeiras que já atuam no SUS.
A especialização, vinculada à Rede Cegonha, é coordenada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e vinculada às universidades federais em Belo Horizonte, Diamantina e Uberlândia. Atualmente, há três turmas em formação.
O cuidado e a assistência destas profissionais, compondo a equipe multiprofissional no cenário do parto e nascimento, é relevante para a redução das intervenções e cesáreas desnecessárias.
Outras ações de incentivo
Entre as ações coordenadas pela SES-MG está o Comitê Estadual de Prevenção de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, que também aborda a influência dos cuidados perinatais (pré-natal, parto, nascimento e puerpério), tanto para a mulher, quanto para o recém-nascido.
Além disso, também está sendo desenvolvido pela SES-MG, em parceria com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), o Projeto Zero Morte Materna por Hemorragia Pós-parto, que prevê a qualificação dos profissionais de maternidades do SUS, abordando a temática do parto e demais cuidados perinatais para a prevenção dos casos de hemorragia puerperal.
Em 2015, a SES-MG realizou o Seminário de Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento, no qual foi implementado o Fórum Perinatal da Região Ampliada de Saúde Centro. Os fóruns são espaços de diálogo permanente, inclusivos, plurais, democráticos e participativos, com o objetivo de construção de consenso e referenciais éticos e políticos, que envolvem discussões sobre a rede de assistência e a linha de cuidado integral para adequação dos serviços às necessidades da população.
Outro espaço de discussão neste âmbito é o Grupo Condutor Estadual da Rede Cegonha, que conta com participação de representantes das Regiões Ampliadas de Saúde do estado de Minas Gerais. Neste espaço são discutidas estratégias para ampliação e fortalecimento da Rede Cegonha em Minas.
Mensalmente, a SES-MG participa também das reuniões da Comissão Perinatal de Belo Horizonte, espaço com representações de gestores, profissionais e sociedade civil, de fortalecimento e apoio à humanização do parto nas maternidades de Belo Horizonte.
Além do trabalho cotidiano de melhoria dos processos de trabalho e de atualização científica, será realizada a 1ª Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de Minas Gerais, entre 10 e 12 de julho (etapa componente da 2ª Conferência Nacional de Saúde da Mulher). Este será um espaço de discussão da atual situação de saúde das mulheres mineiras e de propor diretrizes para a Política Estadual e Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.
Aleitamento materno
Em relação ao aleitamento materno, Minas Gerais atua no processo de habilitação dos Bancos de Leite Humano (BLH), aquisição dos equipamentos destinados aos Postos de Coleta de Leite Humano (PCLH) e BLH, capacitação e orientação dos profissionais de saúde, além de realizar visitas técnicas periódicas a estes estabelecimentos.
Nos dias 9 e 10 de maio a SES-MG, em parceria com a Maternidade Odete Valadares e Comitê Estadual de Aleitamento Materno, promoveu o Curso de Manejo Clínico do Aleitamento Materno para profissionais de saúde que lidam diretamente com a assistência materno-infantil nos hospitais do estado.
Foram capacitados 33 profissionais, entre eles médicos neonatologistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas e fonoaudiólogos.