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Soro antirrábico passa a ser produzido integralmente na Funed

Soro antirrábico passa a ser produzido integralmente na Funed

Um projeto da Fundação Ezequiel Dias (Funed), iniciado em 2007, conseguiu viabilizar na própria instituição a produção do vírus causador da raiva inativado, ou seja, o antígeno antirrábico, capaz de induzir a produção de anticorpos e impedir a manifestação da doença em humanos. A produção do antígeno em cultivo celular permitirá à Funed a produção do soro antirrábico de forma totalmente independente e com rendimento superior.

Até o começo deste ano, a fundação realizava apenas a etapa final do processo de produção do soro, o envase do material enviado pelo Instituto Butantan, de São Paulo. A partir do resultado dos trabalhos, hoje, todo o processo é realizado na instituição mineira, desde a produção do antígeno, a imunização dos equinos soroprodutores (cavalos), a obtenção do plasma hiperimune (parte do sangue dos animais com anticorpos) até a produção do soro antirrábico que é distribuído ao Ministério da Saúde.

Os trabalhos tiveram início em 2007, quando a equipe Serviço de Biologia Celular e Inovação Biotecnológica começou a desenvolver o vírus inativado em laboratório (em cultivo celular). Para isso, a Funed investiu na reforma dos laboratórios, compra de equipamentos e capacitação de pessoal.

No final de 2008 com o antígeno pronto para ser testado, a fundação já dominava a técnica de dosagem “in vivo” da atividade dos soros, realizava os ensaios de potência nos produtos e tinha a infraestrutura necessária. Foi quando o vírus atenuado começou a ser injetado nos animais que pertencem à Funed.

No primeiro semestre de 2009, foi feita avaliação da eficácia do produto e, a partir do aprimoramento dos testes, este ano, a Divisão de Produção de Imunobiológicos processou os plasmas hiperimunes obtidos e produziu o primeiro lote do soro.

Para o coordenador da Divisão de Produção de Imunobiológicos da Funed, Maurício Abreu Santos, os resultados obtidos no primeiro lote de processamento de plasmas são promissores, mas os trabalhos devem ser continuados buscando a reprodutibilidade. “O grande desafio agora é a manutenção deste padrão quantitativo e qualitativo ao longo dos anos”, diz Santos.

Segundo ele, esse lote de soro, quando colocado em ampolas (fase final), será suficiente para atendimento de toda a demanda de soro antirrábico acordada para fornecimento ao Ministério da Saúde em 2011.

“Ao final deste ano teremos fornecido 27 mil ampolas do soro e já estamos produzindo em atendimento a demanda do Ministério da Saúde para 2011, que é de 35 mil unidades”, diz.

Pesquisadora da Funed e coordenadora do projeto, a biológa Sophie Leclercq ressalta que a produção independente do soro antirrábico pela Funed só foi possível por meio de um trabalho conjunto entre áreas, e representa um avanço da instituição na detenção de tecnologias e no fornecimento de soros para o Ministério da Saúde, colaborando para a promoção da saúde no país.

O trabalho de pesquisa contou também com a participação de uma bolsista de Iniciação Cientifica, Brígida Gomes de Almeida e um estudante de ensino médio, a aluna Monica Oliveira Souza, participante do Programa de Bolsa de Iniciação Científica Jr. da fundação. Segundo Sophie, isso reitera ainda o compromisso da Funed de promover o conhecimento científico.

Qualidade

O chefe do Serviço de Fazenda Experimental da Funed onde é realizado o processo de imunização dos cavalos e extração do plasma, Cláudio Fonseca de Freitas, afirma que os trabalhos comparativos preliminares já atestam que o antígeno desenvolvido pela fundação fornece uma resposta imunológica melhor do que vacinas comerciais.

“Realizamos imunizações em tropas distintas de equinos, a partir de vacinas comerciais e do antígeno desenvolvido pela Funed. O produto da fundação apresentou uma resposta imunológica muito melhor, fato este demonstrado pelo alto rendimento obtido no processamento destes plasmas na linha de produção de soros”, explica o veterinário Cláudio Freitas.

Raiva no Brasil

Segundo levantamento feito pelo Ministério da Saúde em 2009 o número de casos de pessoas que procuram atendimento antirrábico humano vem crescendo no país. Somente em 2009 foram distribuídos 162 mil ampolas de soro para todo país. A distribuição é realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde por meio do Programa Nacional de Vigilância, Controle e Profilaxia da Raiva. O programa monitora o atendimento antirrábico, planeja e coordena ações em saúde visando prevenir a ocorrência de casos de raiva humana.

A raiva é uma doença infecciosa letal, porém imunoprevenível, com uso de vacina e/ou soro antirrábico quando indicado, sendo esta a única maneira de prevenção após exposição ao vírus rábico. A infecção de humanos é feita através de contato com animais infectados, os mais comuns são cães, gatos e morcegos.

A vacina, indicada como tratamento profilático/preventivo, prepara o organismo para combater a doença. No Brasil são feitas campanhas periódicas de vacinação de animais. Já o soro é um tratamento curativo, na qual se injeta o anticorpo pronto para combater a doença no organismo.

O soro inativa o vírus antes que ele se manifeste e é dado em casos de suspeita de contaminação. Quando a vítima já manifesta sintomas da doença não há tratamento.

Com Agência Minas

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