O deputado Bosco representou nesta quarta-feira, 17, a Assembleia Legislativa na cerimônia de entrega do certificado de Patrimônio Cultural da Humanidade onde, oficialmente, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi para a lista de bens reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A Pampulha é um dos principais cartões postais de Belo Horizonte. O evento ocorreu no Museu de Arte da Pampulha e contou com a presença do vice-governador, Antônio Andrade, do ministro da Cultura, Marcelo Calero, da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, e do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, entre outras autoridades.
De acordo com o ministro, o conjunto revolucionou a arte e a arquitetura brasileira: “A Pampulha representa a síntese de novas ideias e técnicas, unindo os melhores nomes da arquitetura, do paisagismo, das artes plásticas”, afirmou, na cerimônia de entrega. “Além de nos encher de orgulho, a inscrição da Pampulha implica uma responsabilidade adicional do Estado. A preservação do patrimônio está entre as prioridades desta nova gestão do Ministério e do governo federal”, completou o ministro.
Representante da Unesco no Brasil, Patrícia Braz explicou que a instituição se alimenta e se renova a partir da provocação de cada candidatura apresentada e destacou pontos importantes para que o Conjunto ganhasse o título, como a consistência da proposição e a sinergia de instituições para que o fato se concretizasse. “Entre os critérios estão o de explicitar que valor universal é este que faz do bem um bem único. Outro é o compromisso da gestão que o país estabelece. Nesse sentido, o conjunto representou uma inovação, instituiu um comitê antes do título e uma sinergia de instituições. Esperamos que o comitê gestor tenha vida longa e efetividade”, elogiou.
Compromisso
O Conjunto Moderno da Pampulha é integrado pela Igreja de São Francisco de Assis, pelo Cassino, pela Casa do Baile e pelo Iate Golfe Clube. Com o título, a Pampulha passa a integrar um grupo de grandes obras da humanidade. O local torna-se o 20º sítio brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco. Na lista atual, estão incluídos outros 12 bens culturais e sete bens naturais brasileiros. Apenas em Minas Gerais, este passa a ser o quarto a figurar na lista, acompanhado do Centro Histórico de Ouro Preto, reconhecido em 1980; do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas, desde 1985; e do Centro Histórico de Diamantina, inscrito em 1999.
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, agradeceu o trabalho conjunto de todos os envolvidos. “Estou muito feliz. O entusiasmo que o título gerou superou em muito nossas expectativas. Isso revela o quanto a “mineirada” ama essa cidade. E ama porque ela é uma cidade com boa qualidade de vida, que existe pela qualidade de sua gente e qualidade de sua história. Quando essa cidade tinha 200 mil habitantes, Juscelino Kubitschek teve esse sonho e soube realizá-lo”, afirmou.
O processo de reconhecimento teve início em 1996, quando o Iphan inscreveu 33 sítios com potencial de reconhecimento como patrimônio da humanidade – lá estava a Pampulha. Em 2012, a prefeitura de Belo Horizonte colocou o pleito como plano de governo e iniciou o processo de elaboração do dossiê e do conjunto de obras necessárias para a potencialização do Patrimônio Histórico Moderno da Pampulha – em 2014, o documento foi entregue ao Iphan. Em seguida, foi criado um comitê permanente de gestão que resultou numa série de ações de recuperação e fortalecimento do conjunto da Pampulha. “A elaboração exitosa do dossiê servirá de exemplo para pleitos futuros que o Iphan venha a liderar. Mais uma vez, a Pampulha faz história. Isso só foi possível graças ao trabalho de servidores públicos e ao engajamento da sociedade civil”, afirmou o ministro da Cultura.
Conjunto Moderno da Pampulha
Situado em uma das regiões mais tradicionais de Belo Horizonte e de grande significado para diversas gerações, no Brasil e no mundo, o Conjunto Moderno da Pampulha foi concebido com o objetivo de criar uma obra de arte total, integrando as peças artísticas aos edifícios e estes à paisagem, e conta com as quatro primeiras obras assinadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, projetadas na década de 1940. O conjunto também conta com jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx, painéis com azulejos do pintor Candido Portinari e esculturas de artistas renomados como Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa.
Formado por uma paisagem que agrega quatro edifícios articulados em torno do espelho d’água de um lago urbano artificial, o Conjunto Moderno da Pampulha é integrado pela Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube), todos bens construídos entre 1942 e 1943. Todo esse conjunto foi construído a pedido do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek.