
Após as quatro prisões ocorridas no dia 6 de julho, e também depor mais quatro pessoas que foram conduzidas coercitivamente, a Polícia Civil de Araxá realizou coletiva, na última sexta (14), para apresentar as provas do desvio de recursos públicos destinados ao Conselho de Participação e Integração da Comunidade Afro-Brasileira de Araxá (Coafro).
As prisões fazem parte da Operação Houdini, que é um desdobramento da operação realizada pela Polícia Civil em 2015, quando foi descoberto o esquema criminoso de desvio de recursos destinados à Santa Casa de Araxá.
De acordo com o que foi apurado nas investigações na Coafro, três dos investigados se organizaram para apresentar projetos e obter recursos públicos municipais, provenientes do Fundo Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e do Fundo Municipal de Assistência Social, e teriam conseguido aprovar projetos no valor de R$ 180 mil.
Do montante aprovado, o ex-vereador e prefeito interino na ocasião, Miguel Júnior, buscou obter apoio político nas eleições municipais de 2016, liberando parcelas que totalizaram mais de R$ 110 mil, segundo foi relatado.
Utilizando-se da empresa de um dos investigados, o grupo teria obtido notas fiscais frias para acobertar a prestação de contas no valor de mais de R$ 50 mil.
Duas empresárias também estão entre os investigados, pois também teriam emitido notas ideologicamente falsas, possibilitado o desvio de R$ 10.100. Foram comprovados depósitos em dinheiro e cheques na conta de três dos investigados.
Para facilitar o recebimento e por consequência os desvios, um investigado teria assumido, de forma fictícia, a presidência do Coafro, em substituição ao então presidente (que também é investigado) que ocupava cargo comissionado na Prefeitura Municipal.
A Polícia Civil estima que a maior parte dos recursos liberados, quase a totalidade, tenha sido desviada ou utilizada em ação não prevista no projeto. “Existem documentos que demonstram o pagamento de valores aos diretores, bem como registros nos aparelhos eletrônicos apreendidos que corroboram as provas”, relata o delegado Renato de Alcino Vieira.
Segundo ele, as investigações continuam e ainda serão ouvidos membros dos conselhos municipais que autorizaram a liberação dos recursos para a entidade.
Foram apreendidos documentos, computadores, celulares, móveis, dentre outros materiais. Os investigados tiveram valores e veículos bloqueados judicialmente, de modo a permitir o ressarcimento do erário público municipal.
Alexandre Francisco dos Santos, 36 anos, Clayton Aires da Silva, 51, Luciana Maria Fernandes, 41, e Santo Christo da Silva, 63 que estavam detidos desde o dia 6, foram liberados na quinta (13) com o vencimento da prisão temporária. Eles responderão em liberdade pelos crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e associação criminosa.