O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, instituiu nesta terça-feira (29/12), durante cerimônia no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, com o objetivo de desenvolver ações destinadas ao controle do vetor e reduzir a incidência dessas doenças. O grupo será coordenado pelo vice-governador Antônio Andrade e terá a participação do secretário de Estado de Saúde, Fausto Pereira dos Santos, além de representantes de outros órgãos estaduais.
Além de assinar decreto criando a comissão, Pimentel também anunciou a liberação de mais R$ 30 milhões para reforçar a atuação dos agentes de endemias, agentes comunitários de saúde e desenvolver ações de assistência nos municípios em situação de alerta devido à presença do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças. Outros R$ 36 milhões já foram disponibilizados em novembro pelo governo com o mesmo objetivo.
“Estamos diante de um quadro singular na questão da dengue. Felizmente em Minas Gerais não há casos de Chikungunya e Zika Vírus identificados ainda. Os sete casos confirmados de Chikungunya foram importados de outros estados. Mas temos 187 mil casos de dengue (confirmados e suspeitos) e, como o agente transmissor dessas doenças é o mesmo, não podemos relaxar com essa questão”, destacou o governador.
Em encontro com os integrantes do comitê, Pimentel determinou a convocação dos prefeitos dos quatro municípios considerados em situação crítica devido a presença do vírus e do mosquito da dengue. São eles: Pará de Minas, Governador Valadares, Ubá e Bom Despacho. Também deverão ser chamados os prefeitos das outras 64 cidades em estado de alerta em Minas Gerais.
“O comitê vai funcionar com uma estrutura muito ágil. E vai reunir seu comando operacional toda semana para tomar as providências necessárias. Precisamos mobilizar imediatamente os prefeitos e ver com eles o que é necessário. É no âmbito dos municípios que as ações vão se processar. A partir dessa mobilização, começaremos a espalhar pelo Estado inteiro as providências necessárias”, afirmou Pimentel. “Espero que a gente consiga, nos primeiros meses de 2016, mostrar um quadro mais satisfatório, lembrando que essa não é uma situação exclusivamente mineira. Está no Brasil inteiro”, completou.
Dentro do comitê, será criada uma Sala de Situação composta por Defesa Civil, Polícia Militar, Vice-governadoria, Secretaria de Saúde e Subsecretaria de Comunicação, com reunião semanais – e, caso necessário, diárias, para monitoramento ainda mais frequente da situação.
O governador lembrou os esforços que já têm sido feitos com a campanha “10 minutos contra a dengue”, que se baseia num estudo feito pela Fiocruz que concluiu que, em apenas dez minutos por semana, o cidadão consegue eliminar os focos do mosquito de sua residência ou local de trabalho. Uma cartilha educativa com os locais onde o morador deve fazer a fiscalização está sendo distribuída pela Secretaria de Estado de Saúde nas residências, escolas, e postos de saúde.
“É importante a regularidade, toda semana você repetir o procedimento na sua casa, no seu quintal, porque você interrompe o ciclo de reprodução do mosquito. Por mais que o governo faça, o combate não vai dar certo se os moradores não se empenharem. A dengue é uma doença doméstica. É nas casas que o combate tem de começar. Por isso, as campanhas são tão importantes”, finalizou.
O secretário de Saúde, Fausto Pereira, ressaltou que a criação do comitê foi acertada junto ao governo federal em reunião entre representantes dos estados e a presidente Dilma Rousseff. Além dos R$ 66 milhões disponibilizados dos cofres de Minas Gerais para o combate ao mosquito, também há repasses do governo federal. “Com os recursos do Estado faremos a capacitação dos profissionais, investiremos no deslocamento das equipes, no pagamento de horas extras, e permitir efetivamente a presença dos agentes nas cidades. As ações são de limpeza, cuidado com os domicílios e cuidado com o armazenamento de água”, explicou.
Quadro mineiro
Fausto Pereira citou a atual situação de Minas Gerais no que diz respeito ao número de casos das três doenças causadas pelo Aedes aegypti. Até 23 de dezembro deste ano, foram registrados 187.043 casos prováveis de dengue e 67 óbitos. Também neste ano, foram confirmados sete casos de Febre Chikungunya em Minas, todos vindos de outros estados. Já foram descartados 129 casos e outros 23 estão sendo investigados. Até o momento, não há casos de Zika Vírus confirmados. Dos 29 notificados, cinco já foram descartados e outros 24 permanecem em investigação.
Até 28 de dezembro deste ano, 53 casos de microcefalia foram notificados no Estado. Desses, 35 já foram descartados. Outros 18 casos permanecem em investigação. A Secretaria de Saúde também vem acompanhando os casos diagnosticados como Síndrome de Guillain-Barré. Até o momento, um caso em Carangola, no Território Mata, está sendo investigado.
Atuação
O coordenador do comitê, vice-governador Antônio Andrade, destacou o esforço nacional de combate ao mosquito. “O que queremos com esse comitê é acabar com o mosquito da dengue o mais rápido possível, já que as vacinas não são eficazes para todas as faixas etárias. Está sendo discutido no Brasil como um todo, já que não adianta só Minas Gerais reduzir o mosquito e os outros estados não o combaterem”, salientou.
Também vão compor o grupo de trabalho as secretarias de Estados de Governo; Casa Civil e Relações Institucionais; Planejamento e Gestão; Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Defesa Social; Desenvolvimento Regional e Política Urbana; Educação; Transportes e Obras Públicas; além da Defesa Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Copasa, Cemig, Departamento de Obras Públicas e da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário. A Assembleia Legislativa de Minas e a Associação Mineira de Municípios também poderão integrar o comitê como convidados.
Participaram ainda do evento secretários de Estado, a presidente da Copasa, Sinara Meireles, o comandante-geral da PM, coronel Marco Antônio Badaró Bianchini, o chefe do Gabinete Militar do governador, coronel Helbert Figueiró, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Luiz Henrique Gualberto, entre outros.